Autor: Lucas Klein
Sou guri de pouca idade
Fui criado guaxinho
E desde pequeninho
Aprendi o que é verdade
Mesmo criado na cidade
Tenho gosto pelo campo
Abro a garganta e canto
As belezas da minha terra
Na invernada o gado berra
Aqui no palco eu encanto
Sou gaúcho bem pachola
Já tenho minhas namoradas
Jogo bola com a piazada
Lá no campinho da escola
E sempre tenho na sacola
Um punhado de bolitas
Escolho as mais bonitas
Para dar de regalo
Com meu jeito de galo
À mais linda gauchita.
No Estância do Cotiporã
Nos fandangos vivo dançando
Nas tertúlias ando cantando
Como pássaro num tarumã
No galpão sou picumã
Sou o cerne da tradição
É grande meu coração
Sou pequeno, sou piá
Ainda tenho que me “criá”
Mas já amo este meu chão.
Sei pouco da minha história
Como disse, fui criado guaxo
Aprendendo a ser índio macho
Fazendo minha própria glória
E se não me falha a memória
De São Gabriel sou natural
Terra linda sem igual
Leito de São Sepé
Índio taura de raça e fé
Como eu, xucro e bagual.
Foi lá que certa ocasião
Vieram me buscar
Querendo me adotar
Com amor no coração
Pra me dar um novo chão
Apesar de não ter sangue
Por onde quer que ande
Eu digo que sou alemão
Pois assim é meu coração
Que de orgulho se expande.
Ganhei nome de artista
O Nome do Teixeirinha
A minha fama caminha
Também serei repentista
Não me chamem de gremista
Fui colorado já que nasci
Torço junto com o saci
Sou campeão do mundo
Não sou de Passo Fundo
Minha Terra é Ivoti
Antes de dizer Adeus
Vou lhes dizer agora
Que aquela senhora
É Mãe que pedi pra Deus
Findando os versos meus
Encerrando meu contar
Meu abraço vou deixar
Faz parte da minha vida
Esta platéia querida
E o fim tem que rimar.